Quando levantamos os braços ao acordar, nos espreguiçamos, parece que tudo nesse dia vai ser muito bom.

À minha frente o mar... todo verde com ondas crispando lentamente, e, como que num cumprimento, beijava suavemente a areia branca com manchas das monazíticas.

Num dia desses, o sol penetrava pelas cortinas como que desejando que estivéssemos espertos para uma boa caminhada.

Fui até a sacada e uma cena chamou minha atenção.

Um garoto parecendo ter nove anos, brincava com um barquinho de madeira, aquele brinquedo que todo menino gosta de fazer com suas próprias mãos.

Aquele barquinho ele colocava na água quando as ondas chegavam pertinho e mesmo na lentidão do seu retorno, tombava.

Assim, por minutos observei a persistência de uma criança que não desanimava frente a um desafio que para ele parecia superável, e, na sua paciência ajeitava as velas de um pano amarelado e lá retornava, recolocando o barquinho de madeira na água do mar.

A mim pareceu que o desejo do garoto era que com as ondas, sua arte em madeira singrasse aquele mar e fosse levado para bem longe, quiçá ao final do mundo!!!

Pensei mais uma vez, espreguiçando-me languidamente... será ele quer mesmo que seu brinquedo vá para bem longe, encontre golfinhos, baleias, tartarugas, navios de guerra, transatlânticos, pescadores perdidos?

O que pensa uma criança quando nos seus momentos de folguedos?

Será ele teria algum sentimento de perda ou de dor vendo ao longe seu barquinho navegando pelos verdes mares tão cantados em prosa e verso por nossos poetas?

Será um dia alguém apanharia curioso aquele barquinho que percorreu milhas e milhas pelo oceano ora manso e calmo, ora turbulento e naquela imensidão, o frágil pedaço de madeira em forma de barco, navegou balouçando com as ondas como se com elas também brincasse?

Diferente de nós adultos, as crianças permanecem ingênuas, sinceras, leais, risonhas, é a geração dos que satisfazem-se com tudo que lhes oferecemos, de uma simples bola de mascar, a um insinuante chocolate ou reluzente celular.

Recriam nas fantasias os heróis que vêm na televisão, nos livrinhos infantis, nos cinemas e paralelamente a esse período tão lindo, crescem e nesse desenvolvimento os interesses são outros, os coleguinhas e amigos influenciam nas atitudes, nos gostos, nas escolhas.

Passam a valorizar outras formas de distração, de criar, de obterem habilidades, fortalecem os conceitos e princípios se os receberem dos pais, e reforçam em nós, adultos, a certeza que em breve, teremos uma nova geração de gente do bem, que espera que hajam mudanças comportamentais dos adultos.

Estão dispostos em arregaçar as mangas nas participações da escola e da sociedade, esperam sim mais clareza e justiça, vivem não como que sonhando, mas amadurecem muito antes do que a nossa geração...

Vi assim, naquela cena frente ao mar, onde as ondas chegavam mansamente beijando a areia, um garoto pequeno ainda, criativo, insistindo que seu barquinho de madeira partisse, enfrentasse aquele mar tão grande e desconhecido para ele, além de onde seu olhar pudesse alcançar.

Será imaginava que um dia seu brinquedo favorito retornaria depois de tempos navegando e ali o encontrasse sorridente, sentindo-se vitorioso por haver criado algo que como ele, acreditou na força de vontade, e, que bravamente venceu as intempéries do tempo, das batidas fortes das águas bravias e do acalanto  das calmarias do oceano!!!

UM BARQUINHO VAI... O BARQUINHO VEM!!!

 

 

 

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Pelo EnvioWebaguia

 

Fale com a autora:  lyzcorrea@hotmail.com


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