Num entardecer quando o vento soprava forte e gelado, uma chuva insistente caía sobre a cidade de São Petesburgo, na Rússia.

Três amigas que estavam viajando juntas, resolveram ir até o salão de chá do Hotel Radisson para tomarem um café bem quentinho.

Estavam um pouco molhadas, cabelos revoltos pelo vento.

Procuraram uma mesinha no centro do local, muito bem decorado com lustres de cristal, quadros com molduras douradas e figuras do século passado. Alguns quadros eram de natureza morta, muitas flores.

Objetos de arte espalhavam-se pelo salão nas cores douradas, algumas com tochas nas mãos, e nos candelabros as velas decorativas davam um ar bucólico ao local.

Nas mesas castiçais pequenos e um cristal com água onde uma flor mergulhada dava um toque romântico ao ambiente.

As amigas sentam-se, tiram os casacos pesados e molhados, colocam as bolsas no espaldar das cadeiras.

A garçonete pergunta-lhes o que preferem se um chá ou café.

Pedem café bem quente pois era o que no momento precisavam.

Quando comentavam sobre o passeio do dia ao castelo da Catharina, lindíssimo por sinal, a garçonete aproxima-se com uma garrafa gigante de champagne e dirigindo-se a uma delas entrega-lhe o presente.

Esta admirada pergunta... Por que? Quem mandou?

Vira-se e olha para o outro lado do salão onde um senhor louro, de olhos azuis sorri, para ela, que fica sem jeito pois não sabe o que pensar daquilo tudo... Quem era?

O que pensava?

Por que agiu assim?

Meio atônita ainda pergunta ás amigas... O que faço?

Uma lhe diz... Mande abrir oras.

Taças colocadas sobre uma bandeja dourada, garrafa é aberta.

Uma amiga diz para aquela que recebeu tal presente estranho, ofereça uma taça a ele. Esta levanta-se e vai até a outra mesa um tanto sem graça e entrega a bebida.

Como não fala nem entende o idioma russo, pergunta à garçonete se fala espanhol e esta responde que muito pouco... Mesmo assim pede que pergunte ao cavalheiro o porque daquele ato, curioso.

A resposta foi rápida... Ela é russa!

Quando a garçonete lhe transmite isso ela pede que lhe diga ser do Brasil.

Ele sacode a cabeça dizendo não ser verdade... E fala... É russa!

É a pessoa que gostei e que esperava... Procurei e hoje a encontrei!

Como entender isso tudo?

O rapaz então num gestual característico pede que ela sente-se à sua mesa.

Com o dedinho em riste e também em gestual, ela faz sinal de negativo e apontando para o relógio que cobre seu pulso indica que precisa subir, que vai jantar em outro local com um grupo de viajantes e que precisa ir embora.

O cavalheiro não compreende tal atitude, fica incrédulo e insiste que fique.

O espanto quando ele diz em russo para a garçonete traduzir... Como gostei dela, do seu jeito de sorrir, parece ser a pessoa que sempre procurei.

Esperava por ela, peça-lhe que fique.

Sorrindo a turista levanta-se para ausentar-se com suas amigas enquanto a garçonete lhes entrega uma caixa de bombom. Com tristeza no olhar coloca ele as mãos na altura do coração e sorri, olhando fixamente para a ela que fica sem palavras e o que fazer, pois também ficou emocionada e sensível ao ouvir aquelas palavras.

Neste momento o cavalheiro aproxima-se e entrega um cartão para que a guia o traduza. Indicava o nome Dimitri... endereço, cidade e numa frase dizia que foi movido pela emoção assim que adentrou no salão aquela criatura com traços típicos europeus, e que era a pessoa que estava esperando...

Até hoje esse fato é lembrado com carinho e um grande arrependimento da pessoa eleita naquele dia, em não ter pelo menos tentado comunicar-se com o galanteador, que certamente foi colocado ali pelo destino para rever talvez alguém que em outra era conhecera e estava ali naquele dia, em outro século quiçá.

Por que temos que considerar a razão antes de qualquer outro comportamento? É minha gente... Se tivesse tomado outra atitude naquele momento e aceito conversar mesmo por gestuais, talvez hoje vocês não estariam lendo as crônicas, as poesias, os contos que esta autora lhes manda... Era eu a eleita do russo tão simpático, gentil... educado.

Mas... como sempre... olhei antes para meus medos... minhas dúvidas... minha vida por aqui!!!

Sempre que recordo esse fato tão incrível, inexplicável para mim e todos os mortais... me emociono e choro... coisa estranha isso!!!

Foi um ato muito lindo o daquela tarde chuvosa numa cidade onde meus antepassados moraram e meu pai nasceu.

 

 

 

 

 

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Fale com a autora:  lyzcorrea@hotmail.com


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