Pai da autora

 

Um homem da cidade adorava passear em alguns finais de semana no litoral paranaense.

Morretes, Antonina, Paranaguá, estrada da Graciosa, serra do Mar, Grota Funda, Ferradura, Pico do Marumbi, beijos e hortênsias, caminho chamado dos jesuítas, igreja do padre Saveniano, seu ídolo quando criança, porque sua mãe doava os paramentos para as missas e solenidades religiosas e este entregava às mães cujos filhos passavam frio no inverno.

Essa igreja, hoje abriga um acervo rico, pinturas do inesquecível Theodoro De Bona, representando a Via Sacra!

Adorava a cidade e praia de Guaratuba. Seu maior sonho era ter uma propriedade lá, mesmo que humilde e pequena.

Seu sogro também tinha paixão por aquela cidade, que muito ajudou no seu desenvolvimento, quando funcionário público. Todas as vezes que se descia a serra para procurar uma boa oferta de compra, estava junto, ficando animado a cada proposta que surgia e que muitas vezes não foram confirmadas.

Mas, nunca o negado ocasionou desânimo. Sr Eduardo animava e dizia... você vai encontrar... calma!

Chegando o inverno em pleno mês de julho, uma proposta que poderia ser aceita... alegria, planos e mais planos, negociação, proposta aceita, todos alegres, o sogro já pensando em residir muitos dias por lá.

Numa madrugada, após seu aniversário, o maior incentivador do projeto parte para o infinito azul dos céus!

Quanto susto, quantas tristezas, quanta saudade, daquele homem alegre, contador de piadas, o cômico que imitava pessoas de todas as origens, o paizão inigualável, o sogro amigo!

Aquele não era apenas o sonho de um homem, mas de dois: genro e sogro!

Agora o êxito pelo adquirido tem junto a todos aquela imagem doce que se foi, mas que continua na lembrança, mesmo que infinda, e, nos corações de quem o conheceu. Mas, e a propriedade?

Interiormente com madeiramento de árvores toscas, retiradas apenas a cascalho. Era algo sui generis, até romântico. O genro pensou... nada de desanimar.

Cacos de azulejos comprados num ponto de estoque serviram para cobrir os pisos alisados de cimento, e como ficaram bonitos e alegres os ambientes assim coloridos na matiz do bege e rosa.

Por 4 anos a casinha simples e humilde recebeu cuidados e ficou aconchegante. Mas, como nem tudo são alegrias, nem todos os sonhos são permanentes, num final de semana cuja finalidade era ajeitá-la para as férias que se aproximavam, uma dor intensa os faz largar os pertences e voltar à capital.

Exames, diagnósticos errôneos, dúvidas médicas, internamento, sua companheira por 65 dias hospitalizada e lá se vai a casinha dos sonhos para venda. Que dizer dos sonhos agora?

Hospital não é de graça, nem médicos ou exames. Mas, depois que se foram os anéis, ficaram os dedos, e novos desafios no recomeçar.

Quando a nova filosofia de vida era não mais sonhar com casa na praia, mas frequentar as colônias de férias, aparece do nada uma oferta de compra de um bem em outra praia...

Imensa, linda, meio deserta ainda, aquele mar muito azul, irrequieto.

Sem interesses, depois de dias de insistência, compra-se aquela casa que seria o abrigo por anos e anos, reunindo familiares, brincadeiras à beira-mar, partidas de vôlei num terreno baldio ao lado e aterrado para tal, peixes vindos do mar para a mesa, fresquinhos, fresquinhos.

A cada dia os preparativos das varas de pesca, as iscas, camarões ou “corruptos”, diretos da areia para o anzol, era uma festa, alegria e só risadas, provocações quem pegaria mais, coisas de pescadores amadores.

Assim correram dias, meses e anos. Um dia tudo mudou!

Novamente a sombra de um mal físico gera correrias.

Aneurisma detectado... dúvidas, se opera ou não. Uns diziam, nasceu com ele, pode conviver por mais tempo... decidem pela cirurgia.

Fracasso... hipotensão, pressão zero... hemiplegia lateral direita e afasia!

Parte-se em busca de recuperar e diminuir o mal. É necessário que volte a compreensão, que as especialidades em fisioterapia e fonoaudiologia amenizem as sequelas.

Aquele homem forte, alegre, auto-suficiente, inteligente, amigão, agora ali dependente, sem as duas mais importantes funções para o ser humano: a locomoção e fala.

Que se passava naquele cérebro tão pensante e capaz, que se passava interiormente com aquele homem agora, o que sentia, como fazer para que o compreendessem?

Foi daí seu símbolo de progressos na comunicação verbal o na..na..nã que simbolizava o seu querer ou necessidades de momento.

Mais emotivo que já fora ao chegar alguém até ele, beijava-lhe as mãos como em agradecimento, talvez até humildade perante seu ciclo de vida que dizem ser isso necessário ao ser humano.

Assim, quis o destino fossem os caminhos a serem percorridos pelos personagens desta história, que nas características em comum tinham junto a si a honradez, a dignidade, a sabedoria, a humildade, a resignação levados até os últimos dias de suas vidas!

 

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Fale com a autora:  lyzcorrea@hotmail.com


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