Passam-se anos, meses, dias, horas e minutos...
Da infância à juventude, desta à idade adulta, quantas passagens pela vida.
Emoções, expectativas, júbilos, sucessos, desenganos.
Depois de tantas caminhadas, tantos sorrisos e lágrimas derramadas vem o
descanso na dourada vitória ou etapas de insucessos. Se vencidos, há decepção da
batalha perdida e malogros porque não existem auroras venturosas, nem futuro.
Aqueles horizontes que descortinavam-se vitoriosos, agora surgem lacrimejantes,
injustos, imprevisões, porque a vida interrompe-se.
Nas galerias dos templos aquelas Imagens e palpitações, como que compartilham-se
entre os corações. Continuam as doçuras, encantamentos e mesmo de longe a vida
passa, corações dilacerados balouçam, sem expectativas, apenas sente-se que as
flores exalam seus perfumes mesmo que espalhadas pelos canteiros ou revestindo
cruzes de madeira ou mármore.
Agora, o silêncio profundo, o mistério escondido da morte irmana-se à uma nova
vida, mesmo nos abismos das esperanças, isenta-se qualquer sentimento.
Lá, naquele retalho de um céu muito azul, ou naquele punhado de estrelas
surgidos na madrugada, bendita seja a imortalidade da alma!
Em cada gota de sangue derramado, mesmo no momento extremo do ultimo sopro,
balouçaram pedidos aos céus que o crepúsculo fosse sereno e no momento extremo
do adeus, nas alturas aqueles rasgos fossem de doçuras, de sonhos confortantes
para os que ficaram, mesmo com a auréola dos bravos vocês, Genislaine e
Huguinho... uma mulher... um pastor branco, deram-se as mãos e patinhas,
partindo para um novo alvorecer.
Genislaine, a Gê
Agora apenas ouve-se nas poeiras da luz divina a harmonia dos sons inebriantes
onde florais e cantos dos canários paralelamente ao o murmúrio dos regatos,
chegam docemente.
Nas linhas do poeta, nos brilhos dos olhos, aqueles versos que inundaram as
páginas dos livros, só podem dizer com todo sentimento que missões foram
cumpridas, vidas surgirão nos albores de novos caminhos.
As lembranças sempre voltarão, porque o eterno, trará chuvas de bênçãos junto ao
pai celestial.
Doze de abril de dois mil e dezessete... dançaram no firmamento novos seres...
Gê e Hugo... na tristeza dos que ajoelhados choraram suas partidas para o
desconhecido, tenham uma viagem sem sofrimentos, sem angústias.
Seu companheiro inseparável Márcio, foi para você Gê, o bálsamo que mesmo na
nostalgia dos lamentos e das crises, estendeu-lhe as mãos como os ciprestes
acolhem as florezinhas das campinas. Na alma agrilhoada do infortúnio.
Hugo e Rui Cesar
Hugo, todo peludo e branco, Rui Cesar, o resgatou das ruas e no mistério dos
amores, um elo agrilhoado não por ferros, mas por lacinhos de candura... Rui
Cesar seu protetor e amigo, nas lágrimas copiosamente derramadas, teve o
altruísmo de não mais vê-lo destruir-se.
Nossa Senhora de todos nós, excelsa da terra, escolha um recanto sereno para que
a GÊ esteja com nosso Huguinho, ambos a protegerem-se e acariciarem-se...
Abril... 12 de 2017... cerram-se as meditações, surgem cultos e dádivas do Pai,
com o sublime anunciar...
Chegue-se aqui... vou curar seus órgãos doce criatura de sorriso franco e
aberto... a ciência nada pode fazer por sua recuperação, aqueles anjos que
escolhi para a acompanhar, ...ali estão...
E você quase um lobo que veio lamber-me... deite aqui ao lado meu... todas essas
montanhas e esses campos são seus... agora olhe à sua frente lá abaixo... quem
vê?
Sim... seu fiel e incansável amigo que limpou suas feridas, o levantou das
quedas, construiu seu andador...
Mande um latido de despedida... nunca mais terá seu carinho, mas o amor para
toda Eternidade!
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