As cidades próximas a capital em anos passados, não possuíam todos os bens de
consumo e serviços que a população necessitava.
Nós diretores da escolas, sofríamos com falta de professoras, de funcionários,
de equipamentos e de ajuda governamental.
Assim, tinha-se que usar da amizade, da solidariedade dos vizinhos bem como
da sociedade local...
Na esquina da escola Dias da Rocha, morava a Maria Saad um anjo de criatura...
Com ela eu me abastecia de panelas, emprestava açúcar para a merenda vindo dos
EEUU um leite de um programa “Aliança para o progresso”.
Ela era o suporte para tudo; qualquer dificuldade na minha escola lá estava eu
no muro pedindo a ela socorro e sempre sorridente nos ajudava e atendia...
saudades dessa criatura mais doce!!!
Fazíamos festas em datas como das mães, Páscoa, dos Pais,
Juninas, tudo para arrecadar porque manter um próprio com mais de 700 alunos sem
verba, nem com milagres, além das crianças do Orfanato Quadrangular e outros que
exigiam toda nossa atenção...
Nas festas juninas eu muitas vezes precisava tocar o acordeom ou usar disco.
Numa das danças escolhi como tema... AS MOCINHAS DA CIDADE.
Ensaiamos dias e dias com acordeom mas na data da festa foi impossível e
precisávamos de um disco do Belarmino e Gabriela.
Onde pedir socorro quase na hora da dança? A salvação era a Rádio do padre Palka!!!
Rádio Cambiju de Araucária (Rádio
do padre Palka)
Um amigo lá trabalhava
diuturnamente, o Poly e assim escrevi um bilhete a ele e mandei pela Geny
nossa querida colaboradora.
Lá veio ela toda alegre, mas com as recomendações de sempre... Cuidado... Nada
de riscar... nada de lascar... nada de quebrar!!!
Com certeza, pensamos... imagine deixarmos o nosso amigo Poly em maus lençóis
com seu chefe que era... durão!!!
Bem... pra contar a vocês ainda bem que a dança era com crianças pequenas,
porque ficou muito ruim, a meninada estranhou o ritmo, o som, estavam habituadas
com a tia ali a esperar seus requebros, e no disco vai que vai. Mas ficou legal,
criança sempre é doçura.
Tudo lindo, alegria dos pais, das colegas de trabalho, elogios dos amigos.
Sempre era assim... só felicidades.
No dia seguinte, íamos ver o resultados do trabalho árduo de semanas e semanas
na organização da festa, quando tínhamos de devolver o safado do disco AS
MOCINHAS DA CIDADE!!!
Gente... parece até reza braba... quando a Geny foi apanhar o disco a fim de
levar na radio... Bummmmmmmmmmmmmm... cai no chão e espatifa-se!!!
A
Arlete, mãe do Paulino e Odorico até senta no sofá... eu sem poder dizer uma
palavra, estatelada pensando o que poderia fazer e a Geny olhos arregalados virava para
todos os lado (hábito que tinha) mais assustada que nós todas.
Sabíamos da ranzizice do nosso amigo sacerdote que pensávamos não iria aceitar
ficar sem... seu único disco... AS MOCINHAS DA CIDADE!!! Verdade parece que era
o único!!!
Comecei a pensar como entrar em contato com minha ex colega de universidade
federal do Paraná, em Curitiba que era filha do casal cantor e criadores dessa
musica. Nossa... pensei... estou salva!
Procurei nos cadernos se havia alusão ao telefone dessa colega e nada. No
entanto, o irmão dela que era fotógrafo, tinha sido por nós contratado para as
fotos da formatura ao final do curso.
Eis que encontro o fone do profissional... toda feliz, fui onde? Na Maria Saad
pedir socorro para usar o telefone, na escola não havia esse luxo!!!
Liguei e uma voz do outro lado... em que posso ajudar?
Eu toda esfuziante... sou a Roseles, amiga da sua irmã Cloris, nos formamos,
você poderia ajudar no seguinte: preciso de um disco da música dos seus pais...
AS MOCINHAS DA CIDADE, e contei o ocorrido...
Sabe quando sofremos uma queda de uma onda gigantesca em nossa cabeça que nos
deixa atordoados e enjoados? Pois é assim fiquei com a resposta do rapaz... Veja
infelizmente não temos nenhum para ajudar você, estamos num projeto de regravar
mas está meio difícil, vai demorar uns bons meses... naquela época não estava em
alta a música sertaneja.
Osvaldo Poly - locutor, apresentador de diversos programas
principalmente com músicas sertanejas,
Poxa, pensei... o que faço? Como contarei ao meu amigo Poly o ocorrido... como
vou dizer... olha agradeço sua presteza mas não tenho o disco do padre... nossa
preferiria sumir. Pensava como ele iria dizer ao nosso amigo padre Palka o
lamentável acidente?
Pois tive de chegar-me ao Poly e dizer... você foi um anjo mas não tenho como
devolver o fatídico disco que emprestou para nossa festividade...
Infelizmente caiu ao chão e... espatifou-se.
Lembra Poly desse dia?
Sua gentileza, seu respeito à minha informação foi de uma grandeza e bondade que
até hoje quando lembro, fico emocionada... Você Poly disse... vamos ficar
calados... aparecera um para repormos... logo sua amiga vai conseguir.
Desculpem mas creio esse fato foi de tal gravidade para mim pela
responsabilidade que eu havia assumido, que não recordo haver devolvido o nosso
famoso “AS MOCINHAS DA CIDADE”... da dupla paranaense HNÔ BELARMINO E NHÁ
GABRIELA!!!
Poly amigo... qual o epilogo, lembra???
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