Pinheiros de Theodoro De Bona, 1979

 

 

 

 

Neste entardecer, uma garoa persistente teima em cair vagarosamente sobre nossos cabelos ou na terra coberta de flores vermelhas.

Relembro da cidade que vivi, chamada Araucária, um nome lindo, tão lindo quanto a árvore símbolo do Paraná.

De longe, vemos seus braços voltados para o infinito, clamando preces e bendizendo seus rios e riachos, seus campos, e matas.

Nesta terra convivi com crianças e adolescentes, levados, peraltas, outros tímidos, encantadores, que traziam no olhar a chama não só pelo saber, mas pela busca das oportunidades que nós suas mestras, lhes dávamos.

No correr e saltar pelos pátios, na participação dos jogos, nas leituras, nas festas onde expressavam-se corporalmente e nas datas cívicas, desfilavam garbosos, e as alegorias eram disputadas como troféus.

O barulho intenso dos fogos quando do Santo Antônio, São Pedro e São João, seus olhinhos faiscavam como as mais brilhantes estrelas do firmamento!

Quantas saudades do meu acordeom, com ele as cantigas de roda, o vaneirão, as músicas tradicionais do Rio Grande, oportunizava a que imitassem os passos gauchescos e como aprendiam fácil.

Quando da quadrilha era aquela alegria do... lá vem a chuva... ohhhhhhhhh... olha a cobra uiiiiiiiiiiiiiiii... que dizer do pau de fita, dos doces de abóbora, de amendoim, do quentão de vinho feito pela Geni e Marica, do companheirismo do Túlio, presidente da Associação de Pais e Professores, sempre disposto em planejar e nos acompanhar.

Que fantástica a bandeira do Brasil bordada pela Nely toda em pedrarias e fios dourados, confeccionada pela minha mãe Adélia, linda ela ficava nos desfiles à luz e brilho do Sol!

Nesta tarde difusa, cinza, trago na lembrança a imagem do rosto de cada colega e funcionárias que no dia-a-dia estavam comigo, naquela Escola tão amada, a Dias da Rocha.

Como esquecer das alfabetizadoras que ajudavam as criancinhas no usar o lápis e a borracha, não deixar “orelhas” nos cadernos. De tão perfeitas, algumas cedo a vida as levou... Luiza minha comadre querida, Therezinha sempre risonha, Sally a mãezinha, teem sua missão agora nos céus!

Que dizer das colegas que por tantos e tantos anos estiveram junto a mim, dedicadas, competentes, amavam sua profissão que era para elas um sacerdócio.

Arlete irmã de alma e coração, Maria Josefina, Jacira, Matilde, Marcelina, Marli, Maria Martins, Arilda, Cirte, Sandra, Maria de Lourdes, Delourdes, Wlasdislava, Maria Elvira, Maria Antonieta, Arlieta, Josélia, Jesse, Maria Elisa, Alzira, Margarida, as colaboradoras, Ulmara na biblioteca, Yara, Joseli e Marísia, na substituição na falta de regentes e Uriema com os pequeninos do pré, onde teve o aprendizado necessário para mais tarde preocupar-se com as crianças de toda a cidade.

Araucária... Araucária, sempre um símbolo.

Quantas histórias ouvimos dos mais idosos sobre os feitos dos índios de Tindiquera, das matas e dos sertões quando ainda inexplorados.

Araucária... Araucária... rendo a ti todos os meus mais puros sentimentos de amor, como se filha desse rincão fosse, pelas dádivas que recebi, pelos amigos que fiz, pelas lembranças do passado onde apenas a saudade ficou.

Tudo passou.

E nessa marcha incessante, traçado estava o meu itinerário, com marcas profundas no bem querer, recebendo apenas bênçãos de Deus, onde o espírito e a alma estão ilesos de mágoas e tristezas.

Não desapareceram nem despiram-se meus braços daqueles abraços carinhosos que envolveram-me sempre e a cada retorno àquela terra, onde adoro pousar meus pés!

 

 

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